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Euroimmun News HEp-2: em busca do melhor diagnóstico a cada novo Consenso

HEp-2: em busca do melhor diagnóstico a cada novo Consenso

23 de Maio de 2023
Artigos & Matérias
Por Wilton Santos*, médico reumatologista e consultor do Sabin Medicina Diagnóstica, com doutorado em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e mestrado em Educação em Saúde pela FEPECS / Maastricht.

O papel do fabricante do teste e do substrato é fundamental na padronização de laudos e nomenclaturas, para que não haja ruídos na utilização clínica do exame

A pesquisa do fator antinuclear (FAN) em células HEp-2 é o exame diagnóstico mais solicitado para investigação das doenças reumáticas autoimune sistêmicas (DRAIS). Isso porque, ao utilizar a metodologia de imunofluorescência indireta (IFI) para a pesquisa de autoanticorpos anticélula, ele consegue identificar diferentes padrões, que podem indicar a presença de uma doença autoimune. 

Embora a metodologia de ELISA possa ser utilizada para a identificação desses autoanticorpos, há cerca de duas décadas, o método de IFI, utilizando células HEp-2 como substrato, tem sido referendado como padrão-ouro para pesquisa de anticorpos, considerados marcadores das DRAIS. A demonstração da base imunológica das DRAIS é feita por meio da identificação desses marcadores. É por isso que o FAN HEp-2 vem sendo utilizado como método de triagem das doenças autoimunes. Uma vez positivo e diante da suspeita de uma doença autoimune, será necessário, é claro, continuar a investigação diagnóstica com provas mais específicas, com o objetivo de se definir a especificidade do anticorpo presente.

A ausência de uma padronização dos resultados e o uso de nomenclaturas diferentes na confecção dos laudos de FAN começou a provocar ruídos na utilização clínica dos testes. Imagine só que, a depender do fabricante do substrato, o resultado do teste pode vir de uma forma diferente e, na ponta, causar ansiedade e angústia ao paciente. Por esses motivos, desde o ano 2000, vêm ocorrendo periodicamente no Brasil as reuniões do Consenso Brasileiro de Autoanticorpos Anticélula (FAN-HEp-2), cujas diretrizes têm sido amplamente utilizadas por instituições acadêmicas e laboratórios de medicina diagnóstica de todo Brasil. Desde o início, as recomendações têm sido elaboradas a muitas mãos, envolvendo diferentes atores da medicina diagnóstica, tais como médicos reumatologistas e patologistas, profissionais de bancada, além de contar com o suporte da própria indústria que desenvolve os substratos. Tudo isso para poder nortear a adoção de procedimentos e nomenclaturas adequadas para serem usadas nos laboratórios de todo o país.

Aliás, o Brasil é protagonista nesse trabalho, servindo de referência até para o lançamento do primeiro consenso internacional em autoanticorpos em células HEp-2, em 2014, o ICAP [International Consensus on ANA Patterns]. O site internacional, que teve como inspiração a iniciativa brasileira, já foi acessado por mais de 170 países diferentes, tendo ampla aceitação no mundo inteiro.

 

Nos bastidores dos esforços para a produção de substrato dos testes, o papel do fabricante, em termos de padronização e nomenclaturas, é fundamental para que o resultado diagnóstico chegue da melhor forma possível para o paciente

É possível dizer que a história da detecção de autoanticorpos em células HEp-2, no processo de investigação das doenças autoimunes, pode ser dividida em antes e depois das reuniões de consenso. Sem ele, confusões com a interpretação e relato dos resultados do FAN-HEp-2 por IFI eram frequentes e repercutiam negativamente nas fases analítica e pós-analítica do teste, com prejuízos diversos na vida dos pacientes.

Desde de sua concepção, os Consensos têm se dedicado aos aspectos técnicos da realização do exame, uniformizando a linguagem adotada nos laudos e os procedimentos de bancada, visando melhorar o controle na qualidade do teste. Tudo isso com o objetivo de oferecer melhor suporte à tomada de decisão nos cenários de prática.

Por essa razão, também, o consenso é revisto de tempos em tempos e novos treinamentos são dados para aqueles que utilizam o FAN HEp-2 em suas rotinas. Em sua última edição, publicada em 2022, ocorreu a melhoria das diretrizes que servem de base para os laboratórios, instituições acadêmicas e até os fabricantes de substratos. 


A longevidade, a profundidade e a complexidade do trabalho do Consenso mostra como todos os atores estão atuando em conjunto para o diagnóstico mais assertivo das doenças autoimunes 

Internacionalmente, o ICAP [International Consensus on ANA Patterns] tem definido as nomenclaturas que estão sendo sedimentadas na literatura. E isso é importante porque é necessário haver uma uniformidade na linguagem utilizada nas publicações sobre o tema no mundo inteiro. Nesse sentido, o site criado e disponibilizado em vários idiomas pelo ICAP (anapatterns.org) tem cumprido seu papel, oferecendo informações atualizadas on line e mediante aplicativo para celulares.

A importância dos autoanticorpos no diagnóstico das doenças autoimunes não fica restrito à reumatologia. Doenças autoimunes existem em diversas especialidades médicas. O ICAP aborda a relevância clínica dos autoanticorpos, considerando as diversas situações clínicas onde eles podem potencialmente ser utilizados no processo de investigação diagnóstica, seja no contexto das DRAIS ou de outras especialidades não reumatológicas. 

Nesse sentido, eu mesmo tive a oportunidade de participar de um treinamento em autoimunidade na sede da EUROIMMUN, em Lübeck, na Alemanha, e posso dizer que voltei com outra visão sobre o tema. Tal experiência me reposicionou no assunto, pois me deparei com uma quantidade imensa de autoanticorpos sendo utilizados no diagnóstico e avaliação prognóstica de diversas doenças não reumatológicas, ligadas a inúmeras especialidades médicas. Muitos marcadores imunológicos vêm sendo utilizados no diagnóstico de doenças em especialidades como neurologia, endocrinologia, dermatologia, gastroenterologia etc. Surpreendi-me com os avanços dos estudos voltados para a definição de suas propriedades diagnósticas. Foi uma experiência muito enriquecedora.

A  EUROIMMUN, aliás, como fabricante de substrato, tem um papel muito importante na aplicação das diretrizes do Consenso, porque seu trabalho interfere diretamente em tudo o que vem depois. Para chegar a uma leitura acurada do resultado, o kit diagnóstico deve ser elaborado visando proporcionar melhores condições de visualização do teste e interpretação dos seus resultados. Os fabricantes estão sempre nos trazendo respostas às demandas apresentadas a cada edição dos consensos e demonstrando uma legítima preocupação com todas as etapas do exame. Somente assim, com essa perfeita sintonia entre os diversos atores desse processo, a medicina diagnóstica pode avançar e oferecer resultados com a melhor acurácia possível.

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