Por Marcos Philippsen*
Em que medida o rigor científico, que demanda um necessário tempo de maturação, pode se chocar com a expectativa de velocidade de crescimento de um mercado, como o de medicina diagnóstica? Tenho refletido bastante sobre isso, especialmente agora em que, cada vez mais, questões como governança, meio ambiente e responsabilidade social ganham relevância e já não é mais possível pensar num negócio que negligencie esta agenda.
A Revvity, empresa na qual eu trabalho e que é dona da EUROIMMUN, acabou de lançar seu relatório de ESG 2023 e, ao ler o material, uma matriz me chamou bastante a atenção ao comparar a importância interna e externa dos principais pilares estratégicos da companhia. Trouxe aqui para que visualizem também…
Fonte: 2023 ESG Report Revvity
Essa matriz é importante para que a empresa não perca de vista a necessidade de conciliar as demandas do negócio e o papel social específico que desempenha. Por exemplo, plantar árvores é, sem dúvida, uma boa ação, mas, em que medida, essa ação contribui para minimizar os impactos, sobre o meio ambiente, de uma companhia farmacêutica? Tal medida dialoga mais apropriadamente com uma empresa da indústria de celulose, por exemplo. Nesse sentido, uma indústria farmacêutica, que tem como principal ação em sua agenda ESG, plantar árvores, pode estar praticando o “greenwashing”, ou seja, um recurso, pouco ético, que visa destacar um atributo supostamente sustentável que, na prática, visa disfarçar a falta de ações consistentes de natureza socioambiental dessa empresa.
No caso da Revvity, o topo da lista de prioridades — que conciliam objetivos de negócios com papel social — é o desenvolvimento pessoal e a proteção de talentos, seguido pela qualidade dos produtos e pela chamada logística ética, com processos claros, justos e sustentáveis. Aqui na EUROIMMUN, também consideramos outra variável importante: o nosso compromisso com a construção do conhecimento científico, que visa a máxima eficiência do produto desenvolvido ou do serviço prestado. Ou seja, desenvolvimento pessoal, proteção de talentos e qualidade de produtos e serviços pressupõem conhecimento científico.
Tendo em vista esses aspectos, volto a falar do prêmio Great Place To Work, que reconheceu a EUROIMMUN Brasil como a melhor empresa para se trabalhar no país na categoria medicina diagnóstica com até 99 profissionais empregados. Tal reconhecimento funciona, para nós, como uma revisão por pares, já que a atesta, fora, o compromisso social que pulsa no íntimo da nossa organização, de forma constante, consistente e duradoura. Em outras palavras, a nossa vocação científica não nos impede de alcançar nossos objetivos de negócio, porque, em grande medida, a ciência é o combustível da EUROIMMUN e nosso time é motivado pela perspectiva de encontrar soluções que unam as demandas do negócio e o conhecimento científico. É esse desafio que nos move. Algo bem mais eficiente do que colocar mesas de ping pong nas áreas comuns do escritório e noticiar que, agora, a vida profissional e pessoal dos funcionários está balanceada — quem aí já viu divulgações desse tipo aqui mesmo no LinkedIn?
A validação externa, de institutos sérios, é uma das melhores formas de demonstrar que estamos no caminho certo por nossas escolhas em desenvolvimento socioambiental
Conciliar o cuidado contínuo do nosso time e seu compromisso com a ciência com a demanda acelerada do mercado por novos produtos é desafiador, mas, acima de tudo, possível — e provamos isso. Neste 2023, por exemplo, a Revvity lançou 1.500 produtos entre anticorpos e kits diagnósticos, um número gigantesco, você há de concordar. Isso, lembrando, tendo a responsabilidade de entregar produtos de qualidade, como se pode ver em destaque em nossa matriz ESG, o que só é possível, vale reiterar, graças a uma excelência muito grande baseada, justamente, no conhecimento (e no rigor) científico. Sem esse conhecimento, números assim seriam impossíveis — ou seja, mesa de ping pong nenhum seria capaz de torná-los possíveis.
Naturalmente, alcançar a condição necessária para atender a esse rigor demanda tempo e, se tempo é, de fato, dinheiro, a conta para o gestor de uma empresa comprometida com o conhecimento científico também vai chegar. A diferença é que, ao optar por esse caminho e perceber que todos que estão ali entendem e apoiam a importância da metodologia científica em seu dia a dia, lançar até 1.500 produtos ao ano, como foi o nosso caso, torna-se uma meta alcançável.
O rigor científico que temos adotado garante desde feedbacks mais verdadeiros, por meio da realização de revisões por pares, até trocas diretas com clientes para o melhor desenvolvimento de um produto
Parceira de 48 das 50 maiores empresas farmacêuticas do mundo, a Revvity sempre atua em parceria. Aqui, a EUROIMMUN está presente nos maiores laboratórios do Brasil e isso indica que estamos tomando decisões que nos colocam no caminho certo, especialmente porque o mercado IVD é muito competitivo. Por isso, eu encaro essa relação como um presente dos nossos clientes, que, dessa forma, dizem confiar em nosso trabalho. E é por isso que vamos continuar apostando no rigor científico.
*Marcos Philippsen é country lead na EUROIMMUN Brasil, empresa de diagnóstico in vitro que une o saber científico, a excelência e o comprometimento com a vida para acelerar os avanços da medicina diagnóstica e, assim, construir uma sociedade mais saudável para todos.
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