Qual é o impacto do seu trabalho para você, para o mundo e para a empresa na qual trabalha? Sei que já ouviu essa pergunta antes, mas quantas vezes parou para refletir e respondê-la?
Quem atua na área de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) convive diariamente com o grande desafio de saber para onde deve olhar, já que, entre publicações de artigos científicos e a criação de novos produtos, existe um vasto campo de possibilidades. Por isso, aqui, na EUROIMMUN Brasil, busco contribuir da melhor maneira possível com o time de P&D, entre outras ações, estimulando a reflexão sobre o real impacto que o trabalho deles tem na sociedade e na companhia.
Eu sempre repito que um trabalho de impacto vale muito mais do que dez projetos pouco expressivos. O jogo consiste em descobrir o que tem impacto no seu nicho de atuação e fazer um grande trabalho a partir disso. Esse, para mim, é o principal critério para medir o sucesso da área de P&D.
Em outras palavras, o impacto da área de P&D passa pela utilidade e pela repercussão da descoberta; ou seja, quão mais útil e repercutida, mais impactante a pesquisa desenvolvida. Em 2023, nosso time foi bem-sucedido duplamente ao combinar volume e impacto: foram mais de dez artigos e pôsteres publicados no ano, sempre em grandes congressos e frutos de parceria com instituições e pesquisadores renomados e relevantes.
O resultado imediato é o aumento de citações e mais convites para os profissionais do EUROAcademy palestrarem em universidades. E, não resta a menor dúvida, ao menos para mim, de que esse reconhecimento é menos pelo volume de trabalhos produzido do que pelo impacto deles. Aliás, deixo aqui um link para a reportagem em que fizemos um balanço da nossa produção científica no último ano: “O conhecimento científico em retrospectiva: os artigos produzidos pelo EUROHub em 2023”. É só clicar.
Só que, mesmo diante desses bons resultados, ainda enfrentamos desafios importantes para seguir realizando um trabalho de alto impacto na medicina diagnóstica. O principal desafio, no meu entender, é o isolamento. Para ilustrar melhor o que quero dizer, trago uma breve história: Marie Curie, cientista que recebeu o Prêmio Nobel de Química e Física, só conheceu Albert Einstein em um Congresso que aconteceu em 1911 — eles não tinham nenhum contato antes disso. Foi ali, ao conversarem pessoalmente, que um ajudou o outro a prosperar no seu campo de estudo, seja ele o desenvolvimento da Teoria da Relatividade ou a Teoria da Radioatividade [para saber mais detalhes sobre esse episódio leia aqui].
Ninguém pode aprender algo novo sem antes estar disposto a conversar mais com outras pessoas e encontrar novas formas de colaboração positiva
É por isso que sempre que o sentimento de colaboração é colocado à frente dos ganhos financeiros ou do prestígio individual, esses louros do trabalho acabam aparecendo. É isso que temos feito aqui, na EUROIMMUN Brasil: nosso objetivo primário é colaborar com a ciência e dedicar tempo e recursos profissionais para que isso aconteça. Entre as nossas metas para expandir a nossa produção nacional de kits, está a aproximação com as universidades e suas áreas de pesquisa — a ideia é não ficar isolado, é colaborar com quem vive e estuda esse mundo.
Do nosso lado, portanto, temos que garantir tempo e interesse ativo para ter — e manter — essas conversas. Já as universidades precisam garantir que quem esteja de fora possa colaborar. Como fazer isso? A resposta também é um desafio. Tenho conversado bastante com o Luís Otávio Carvalho de Moraes, coordenador do Curso de Biomedicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para entender as possibilidades. Uma ideia que discuti com ele tem a ver com comunicação: usar ferramentas que já existem, como uma conta no LinkedIn, para que os pesquisadores possam compartilhar suas linhas de pesquisas, que alunos possam compartilhar seus projetos e as empresas possam conhecê-los mais de perto, como em um grande fórum digital de P&D e de graduação.
Hoje, a EUROIMMUN Brasil tem uma parceria crescente e cada vez mais importante com a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e com a Unifesp, graças ao fortalecimento do relacionamento com essas instituições
Outra ideia simples — e inovadora — vem do Professor João Batista Costa Neto, que criou a Academia do Líquor e modera um grupo fechado no Telegram de quase mil profissionais interessados em aprender mais sobre esse assunto tão nichado. As trocas que acontecem por ali certamente estão colaborando para o desenvolvimento de novas técnicas e produtos porque, com a comunicação e o conhecimento compartilhados, dá para imaginar novas colaborações possíveis. No fim, como escrevi, este é o grande objetivo.
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O ponto(-chave) em que conhecimento científico e objetivo de negócio se encontram